O mundo tecnológico que você conhece hoje não seria o mesmo sem a participação feminina
Elas carregam a fama de conseguir fazer várias coisas ao mesmo tempo, são privilegiadas por dar o dom da vida, aguentam dores inimagináveis (que o universo masculino jamais entenderá) e são capazes de cuidar da família, do trabalho, dos estudos e qualquer outra tarefa que precisar desempenhar – às vezes, nem elas sabem como fazem tudo isso. Sim, as mulheres têm habilidades especiais e marcam a história da humanidade com muito charme.
Há mais uma característica delas que, normalmente, é esquecida: as mulheres sempre foram muito boas em tecnologia. Para provar isso, nada mais justo do que lembrar de como grandes personagens femininas quebraram barreiras e contribuíram para o avanço tecnológico que hoje desfrutamos e amamos. Pode confiar, elas ainda vão inovar muito mais.
Isso pode ser uma surpresa para algumas pessoas, afinal, a maioria dos estudantes e profissionais da área são homens. Mas nem sempre foi assim: no início, o cenário era completamente o oposto e elas dominavam os computadores!
Os primórdios da computação exigiam atividades próximas ao secretariado e ao processamento de dados, surgindo como a oportunidade perfeita para as mulheres. Na 2ª Guerra Mundial, as mulheres eram responsáveis por operar computadores gigantescos, decifrar códigos, trabalhar na logística militar e fazer cálculos balísticos.
Em 1974, 70% da turma de bacharelado em Ciência da Computação do Instituto Militar de Engenharia (IME) era composta por mulheres, segundo o coordenador do IME. Na prática, a maioria delas continuou aplicando suas habilidades no setor até meados da década de 60.
Após esse período, a tecnologia deixou de ser relacionada às mulheres, aliás, reduziu drasticamente a presença feminina. No entanto, aos poucos elas têm retomado a presença em meio a algoritmos e softwares. Como prova disso, o Campus Party 2018 chamou a atenção pelo aumento no número de meninas no evento, representando 40% dos participantes – índice que superou os 36% de 2017 e 27% de três anos atrás.
Agora que entendemos como a figura feminina sempre esteve presente na construção da tecnologia, chegou a hora de conhecer, ou relembrar, algumas verdadeiras heroínas, desbravadoras de um mundo desconhecido chamado computação. Mulheres determinadas e corajosas, que enfrentaram todas as dificuldades da época em que viveram para escrever e dominar os primeiros códigos. Pronto para se surpreender?
Você sabia que essa mulher escreveu o primeiro algoritmo da história em 1843? Augusta Ada King, ou Condessa Lovelace, pode ser considerada a mãe da tecnologia. Ela desenvolveu o algoritmo usado para calcular funções matemáticas, para o primeiro modelo de computador – a máquina de Charles Baggage. Suas atribuições foram tão importantes que o mundo inteiro comemora, no dia 13 de Outubro, o "Ada Lovelace Day".
Como já mencionado, os primeiros computadores necessitavam de atividades bastante manuais, para realizar cálculos e garantir que a máquina funcionasse. Foi em um dos momentos de maior desenvolvimento tecnológico, a 2° Guerra Mundial, que essas funções se tornaram mais relevantes.
Nesse contexto entra em cena seis mulheres: Betty Snyder Holberton, Marlyn Wescoff Meltzer, Fran Bilas, Kay McNulty, Ruth Lichterman e Adele Goldstine. Elas se uniram para trabalhar em um dos primeiros supercomputadores da história, o ENIAC, cuja tarefa principal era traçar trajetórias de mísseis e bombas.
Ela foi imortalizada pela história, pelo cinema e até como uma boneca Barbie. Tudo isso, simplesmente por ter conseguido o título de primeira mulher – e pessoa negra – a integrar o Space Task Force, grupo da NASA responsável por levar o homem ao espaço. Seu trabalho ganhou a confiança inclusive de John Glenn, que antes de se tornar o primeiro homem a explorar a órbita, pediu para que ela revisasse os cálculos de seu lançamento.
Cientista da computação, oficial da Marinha dos EUA e criadora de um dos termos mais famosos entre programadores: o “bug”. Você já ouviu falar em um dos primeiros computadores eletromecânicos automáticos de larga escala, o Mark I? Grace Hopper trabalhou nele. Ela ainda carrega em seu currículo os créditos por ajudar a criar a linguagem de programação COBOL e outras para o UNIVAC, primeiro computador comercial fabricado nos Estados Unidos.
Como uma verdadeira estrela, Hedy Lamarr mostrou que não era só mais um rostinho bonito. A atriz com o título de garota mais bela do século levou todo o seu glamour para a tecnologia e desenvolveu o “frequency hopping” – um sistema para evitar que terceiros indesejados captassem determinada mensagem, muito útil durante a Guerra Fria. Graças à invenção da diva de Hollywood, você consegue utilizar o seu smartphone, 4G, Wi-fi e o GPS.
Caso você nunca tenha ouvido esse nome, é só dar uma busca no Google. Vários resultados relacionados a Karen Sparck Jones vão aparecer na sua pesquisa e é exatamente essa uma das maiores contribuições da cientista para a tecnologia. Ela foi uma das criadoras do conceito de “inverso da frequência em documentos”, o que permite os sistemas de busca encontrar o conteúdo que o usuário está procurando.
Se um dia foi possível o homem pisar na lua, foi graças ao trabalho dessa mulher. Em 1960, Margaret Hamilton trabalhou na NASA como diretora da Divisão de Software no Laboratório de Instrumentação do MIT, desenvolvendo o programa de voo do projeto Apollo 11 – missão que levou a primeira nave tripulada à lua.
Antes de pousar no satélite, as máquinas apresentaram alertas de problemas, mas o software de Hamilton permitiu que tudo ocorresse bem e o sistema continuou funcionando até que o pouso fosse realizado com sucesso. Além da missão bem-sucedida, Margaret Hamilton também ficou conhecida pelo termo “engenharia de software” e outras contribuições para a computação.
A lista de mulheres que transformaram a tecnologia, a ciência e o mundo como conhecemos é imensa, não seria possível citar todas aqui. No entanto, não pense que os exemplos se restringem ao passado. Isso fica claro na edição de 2017 do seleto e prestigiado ranking das 100 mulheres mais poderosas do mundo, divulgado pela revista Forbes.
Dessa relação, no setor de tecnologia encontramos nomes como: Sheryl Sandberg (COO do Facebook), Susan Wojcicki (Diretora executiva do YouTube), Ginni Rometty (CEO da IBM), Meg Whitman (ex-CEO da Hewlett-Packard), Angela Ahrendts (Vice-presidente de vendas no varejo da Apple), Safra Catz (co-CEO da Oracle), entre tantas outras.
Para ver a lista completa, acesse: https://goo.gl/J2tFm4.
As mulheres foram (e são) essenciais no processo de modernização da sociedade. É preciso incentivar e abrir espaço para que, cada vez mais, elas se aproximem da tecnologia.